Pesquisadores de Goiás estudam método que constata autismo por meio de exames laboratoriais em bebês de 1 ano

abr 2, 2018

Professores analisam as causas genéticas do transtorno para viabilizar mais tempo de terapia aos pacientes. Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo é celebrado nesta segunda-feira.

(Foto: Samuel Peregrino/UEG/Divulgação)

Professores da Universidade Estadual de Goiás (UEG) pesquisam as causas genéticas do Transtorno do Espectro Autista (TEA) para viabilizar mais tempo de acompanhamento dos pacientes. Os pesquisadores tentam antecipar em até um ano a identificação da condição, permitindo que bebês de até 1 ano de idade já sejam diagnosticados por meio de exames laboratoriais.

Nesta segunda-feira (2), é comemorado o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo. A professora e geneticista Thais Cidalia Vieira Gigonzac afirmou que observou o aumento na demanda por investigações em laboratório de crianças com sinais de autismo e decidiu investir em uma pesquisa que aperfeiçoasse o diagnóstico. Através da investigação, ela pretende acelerar o processo.

“Os primeiros sinais podem ser identificados antes dos 2 anos. Com a pesquisa, é possível identificar regiões do genoma associadas ao autismo de forma precoce, antes mesmo de 1 ano de vida, sobretudo em crianças que já tenham histórico familiar de pessoas com TEA na família ou quando o médico assistente achar importante realizar o exame genético para orientação da família e escolha de terapia”, afirmou.

Ainda segundo ela, essa constatação precoce permite que os médicos e pais escolham as melhores formas de terapia para a criança, vendo mais resultados no desenvolvimento dos pacientes.

“[As terapias certas] podem levar à melhora do quadro clínico e ganhos significativos no desenvolvimento da criança, permitindo, assim, resultados eficientes no tratamento. Quanto mais tardiamente o transtorno for abordado, mais consolidados estarão os sintomas”, explicou.

Consciência
Nesta data, pessoas que conhecem o espectro apontam que os avanços no conhecimento sobre o transtorno viabilizam melhores condições para que os autistas se desenvolvam.

A aposentada Deliane de Oliveira Alfaiate, de 50 anos, tem um filho autista, Daniel de Oliveira Morais, de 28 anos. Segundo ela, quando descobriu que o filho tinha o transtorno, ainda havia pouca informação sobre a condição, o que dificultava que ela conseguisse ajuda até mesmo dos próprios médicos.

“Eu o levava nos médicos, como fonoaudiólogos, psicólogos, mas eles não sabiam com tratá-lo. Não tinham esclarecimento, um plano de ação de como ajudar. Hoje eu vejo que, quando se fala de autismo, as pessoas sabem do que é”.

“É completamente diferente, de como lidar com a pessoa, entender o olhar, o gestual, percepção ou falta de percepção. O respeito mesmo”, disse.

Apesar das evoluções, Deliane relata que enfrentou preconceito em escolas e na sociedade.

“São poucas escolas que aceitam. Ainda hoje eu vejo relatos de mães que enfrentam essa dificuldade e às vezes falta até um envolvimento da família. O que ele precisa é de inserção. Ele tinha dificuldades de aprendizado e interação, mas com brincadeiras fomos conseguindo que ele se desenvolvesse. Hoje ele é completamente independente”, relatou.

O próprio Daniel conta que, com esforço e perseverança, conseguiu transpor as barreiras. Ele concluiu o ensino médio, conseguiu entrar numa faculdade e reconhece que o esforço e a persistência o fizeram se desenvolver.

“Eu busquei muita ajuda. Eu desenvolvi, lutei, passei pelas minhas dificuldades, eu consegui me virar sozinho. Eu tive momentos que foram complicados, mas consegui superar, graças a Deus. Foi uma batalha atrás da outra, mas consegui a minha independência”.

“Dificuldade a gente tem, mas a gente agarra. Com a persistência, fui criando meu espaço”, afirmou, orgulhoso.

Daniel destaca a importância do respeito mútuo e conta que tem vários planos para o futuro.

“A gente deve respeitar as pessoas nas dificuldades de cada um. Não tem ninguém melhor que ninguém. Eu nunca desisti. Faço aulas de muay thai e natação, e penso em ter uma empresa de segurança. Quero atuar nas escolas e aproveitar para conscientizar as crianças e adolescentes sobre bullying”, afirmou.

Fonte: G1
Redação: Vanessa Martins

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